Coletivo Barco – Unidades invisíveis
Este trabalho consiste na instalação de caixotes coloridos pelas ruas e outros espaços urbanos, propondo provocar a percepção e a resignificação dos objetos e lugares da cidade, objetivando levar o espectador (morador/transeunte) a expandir o olhar para as invisibilidades das cidades. Nesse trabalho o caixote é o objeto visível, as invisibilidades estão ao seu redor, sub e sobre sua superfície, um rio, uma árvore, um prédio histórico, pessoas nas ruas. O que vemos e para o que olhamos na urbe contemporânea carregada de informações e coisas supérfluas? A provocação estética se faz presente por meio da arte, vivemos entre as invisibilidades das diversas unidades e conjuntos que não queremos ver, por vezes buscamos ser vistos pelo que trazemos de invisível aos olhos, e somos vistos pela superficialidade das aparências visíveis.
![]() |
Trevo do BH Shopping, estrada para Nova Lima/MG.
|
![]() |
Avenida Inhotim, Brumadinho/MG.
|
![]() |
Avenida
dos Andradas, Belo Horizonte/MG.
|
Sobre
os espaços os indivíduos e temporalidades
O tempo nas cidades muitas vezes não nos
deixa perceber a efemeridade das ações que acontecem no dia a dia. A duração de
um percurso pode parar em algum lugar, lugares que mesmo não sendo novos ao
olhar se transformam pela continua construção dos espaços urbanos, ou pela
mudança na forma de ver e olhar, de parar e escutar. Cada elemento (indivíduo)
da urbanidade pode despertar interesses, o que buscamos ver vem das opções
determinadas por nossas necessidades, fazemos escolhas a partir das nossas
percepções, escolhemos o que nos agrada, mas o que agrada a cada um de nós? O
que se torna visível em sua invisibilidade esconde o que não se quer ver, pela
obstrução física (concreta) do caos urbano ou por escolhas estéticas e
preconceitos. Sem se importar com as conseqüências ignoramos as
invisibilidades. Visíveis ou não, unidades e conjuntos passam a coexistir nos
espaços das cidades nos quais temos contato diário, tornando invisível aquilo
que não se quer ver e visível aquilo que já está à mostra. Repensar relações e
questionar normas e padrões de convivência, reafirmar a rua como existência e
resistência. A individualidade é vivida na coletividade dos espaços urbanos,
fazemos escolhas, somos escolhidos.